domingo, 16 de setembro de 2012

 
 
 
Os professores da minha escola

 

A professora de Matemática,

 com suas contas complicadas,

 falando em equações,

 no Teorema de Pitágoras.

 

A professora de Português,

 com seu modo indicativo,

 falando em advérbios,

 interjeições, substantivos.

 

A professora de Geografia,

 com seus complexos regionais,

 falando em sítios urbanos,

 em pontos cardeais.

 

A professora de Ciências,

 com seus ensinamentos ecológicos,

 falando em evolução,

 em estudos biológicos.

 

A professora de História,

 com seus povos bizantinos,

 falando na Idade Média,

 no Imperador Constantino.

 

A professora de Inglês,

 com seus don't, do e does,

 falando em personal pronouns,

 na diferença entre go e goes.

 

A professora de Artes,

 com suas obras e seus artistas,

 falando em artes óticas,

 em pintores surrealistas.

 

O professor de Educação Física,

 com suas regras de voleibol,

 falando sobre basquete,

 em times de futebol.

 

Os professores da minha escola,

 com suas matérias que às vezes não entendemos,

 falando em todas as coisas,

 que aos poucos vamos aprendendo.

 Clarice Pacheco

 
 


Cortar o tempo
Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
A que se deu o nome de ano,
 Foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
 Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente

 Carlos Drummond de Andrade
 

 
 

 

BENDITAS SEJAM AS HISTÓRIAS
Benditas sejam as histórias do princípio de tudo
 porque são limpas e são puras como mel
 e como a água que a palavra perfeita converte
 em leite ou em espuma na boca atónica dos crentes.
 Benditas sejam, para sempre, as histórias
 que me fizeram acreditar na bondade dos homens
 antes que a vida me tivesse conduzido
 ao mais absoluto desengano.
 Eu já tive a idade das histórias que ouvia contar,
 das que viviam fora dos livros,
 das que corporizavam no ar os duendes e as fadas,
 das que me faziam acreditar que podia ser eterno
 como os príncipes entronizados no cume das lendas,
 belos como cascatas refrescando a erva.
 Benditas sejam, para sempre, as histórias,
 mesmo as que ninguém me chegou a contar,
 mas que eu inventei com o fascinado engenho
 de uma infância debruada a ouro nos esconderijos
 da fala que silêncio algum ousou vencer.
José Jorge Letria, in Produto Interno Lírico


POESIA VISUAL
 
DOIS DEDOS DE CONVERSA
 
 
SONETO DIGITAL
 
 g.r. 


Sem comentários:

Enviar um comentário