Para descontrair um pouco... com música portuguesa.
G.R.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
domingo, 10 de junho de 2012
Luís de Camões morreu no dia 10 de junho em 1580. Por
isso hoje é o Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas. Este poeta foi o que mais elogiou as
aventuras grandiosas dos nossos antepassados. Ele próprio era um grande
aventureiro. Vamos estudar a sua obra épica – Os Lusíadas – no 9º ano.
Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
Luís de Camões
“O poeta vê o mundo da sua época com os valores deturpados.As pessoas boas não conseguem ser felizes e são as que
sofrem os infortúnios deste mundo; as pessoas más vivem sorrindo,
sempre têm sorte e adaptam-se bem à realidade. Todavia, com o poeta, isso não
acontece, porque ele, quando erra, é castigado.
Digamos que a justiça é cega e nem sempre se aplica e, embora se saiba que
não é sempre assim, é bem verdade que os desconcertos continuam a acontecer. Daí
a grande atualidade do poema.”
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto
de mudança,
Tomando sempre novas
qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da
esperança;
Do mal ficam as mágoas na
lembrança,
E do bem, se algum houve,
as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de
neve fria,
E em mim converte em
choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor
espanto:
Que não se muda já como
soía.
Luís de Camões
Mais uma vez a poesia de Camões marcada pela intemporalidade,
o conceito do mundo desconcertado, neste poema associado ao tema da
mudança… a visão de um mundo contraditório e problemático.
G.R.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
NOVAS LEITURAS
Fernando Pessoa – uma quase autobiografia
A
primeira biografia escrita no Brasil sobre o poeta português Fernando Pessoa
traz a mais completa obra de referência das muitas personas assumidas pelo autor de Tabacaria. Seus heterónimos,
muitos deles desconhecidos do grande público, revelam-se no livro de José Paulo
Cavalcanti com riqueza de detalhes, apresentando as produções e as
origens de cada um desses que habitaram o imaginário e a escrita de Fernando
Pessoa. No Brasil o volume vai já na 6.ª edição, com 30 mil exemplares vendidos.
Temos notícias de estar previsto um audiobook em breve, com o nosso Ricardo Pereira
a fazer a voz de Pessoa (que fala muito na própria voz na biografia). Haverá
ainda um filme para televisão mostrando a Lisboa de Fernando Pessoa.
Estas
notícias revelam a grande força de Pessoa no Brasil, onde é muito mais
celebrado, estudado (e apreciado) do que em Portugal. Não dizemos infelizmente
porque não seria justo para os nossos irmãos de pátria, porque partilhamos
afinal a mesma língua. Apenas desejamos para o nosso próprio país um vigor
parecido.
In Imprensa
Vasco Graça Moura tem um novo livro. Chama-se "Os Lusíadas para
gente nova". É uma adaptação da obra de Luís de Camões, numa versão menos extensa e com uma linguagem mais simples. O objetivo
de Graça Moura foi tornar os Lusíadas mais atrativos para o público jovem.
Sabemos
muito pouco de Camões,
Mal
sabemos quem foram os seus pais,
Quanto
ao seu nascimento há discussões,
Dos
seus estudos não se sabe mais.
Passou
dezassete anos aos baldões
Na
Índia e em paragens orientais.
Fazia
belos versos muitas vezes.
N’Os
Lusíadas canta os Portugueses.
Quando
voltou a Portugal, saiu
O
seu livro. Camões era tão pobre
Que
não se sabe como o conseguiu.
Talvez
tivesse a ajuda de algum nobre
E
ajuda com certeza ele pediu.
Enfim,
o livro sai e se descobre
Que
aquele altivo português de gema
Pusera
a nossa História num poema.
Esse
poema chama-se epopeia
Que
era uma forma usada antigamente
Em
que um herói levando a vida cheia
De
combates terríveis segue em frente
E
acaba vencedor, porque guerreia
Em
nome do seu povo e é tão valente
Que
em coragem e força é sobre-humano.
O
povo aqui é o peito lusitano.
Para
o fazer, Camões usou a oitava
Que
é feita de oito versos a rimar.
Até
ao sexto as rimas alternava,
Nos
dois finais a rima vai a par.
Com
oitavas assim, organizava
Essa
história que tinha de contar
Em
cantos que são dez e a nós, ao lê-los,
Espanta
como pôde ele escrevê-los.
A
Dom Sebastião, que assim se chama
O
jovem rei de Portugal, oferece
O
seu poema e lhe promete a fama
Que
a nossa terra junto ao mar merece.
Diz
como navegou Vasco da Gama
Mas
conta a nossa História, não se esquece
Do
que antes sucedeu, nem dos perigos
Que o mar nos fez correr, mais que aos antigos.
in Os Lusíadas para gente nova, pp. 11-12 [fonte: Gradiva]
Como epígrafe do livro, Mia Couto usa um provérbio
africano que diz "Até que os leões inventem as suas próprias histórias, os
caçadores serão sempre os heróis das narrativas de caça",mas "A
confissão da leoa" não é um livro sobre caçadores. A matéria
para o novo romance veio de uma história real, passada no norte de Moçambique.
O autor conta que estava em Palma quando “os leões
começaram a atacar a aldeia. Mataram 25 pessoas em quatro meses. Eu senti
dificuldade em arrumar isso como uma memória simplesmente, era impossível. Isso
foi o ponto de partida para a criação da história.”
Rapidamente
a realidade se transformou em ficção. Através da escrita, Mia Couto fala ao
leitor não de leões e caçadas, mas de homens e sobretudo de mulheres que vivem
em condições extremas.
Na
apresentação do romance, na Feira do Livro de Lisboa, esta quarta-feira, o
escritor angolano José Eduardo Agualusa
explicou que “é um livro surpreendente a vários níveis. O Mia com este livro
parte para um outro caminho mais despojado, sem aquele excesso de neologismos
que eram a sua marca e que criaram seguidores. Depois a história é muito boa. O
Mia constrói uma ficção que é uma reflexão sobre a condição da mulher em
Moçambique”.
“A confissão da leoa” é uma obra editada pela Caminho.
In Imprensa
G.R.
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