Luís de Camões morreu no dia 10 de junho em 1580. Por
isso hoje é o Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas. Este poeta foi o que mais elogiou as
aventuras grandiosas dos nossos antepassados. Ele próprio era um grande
aventureiro. Vamos estudar a sua obra épica – Os Lusíadas – no 9º ano.
Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
Luís de Camões
“O poeta vê o mundo da sua época com os valores deturpados.As pessoas boas não conseguem ser felizes e são as que
sofrem os infortúnios deste mundo; as pessoas más vivem sorrindo,
sempre têm sorte e adaptam-se bem à realidade. Todavia, com o poeta, isso não
acontece, porque ele, quando erra, é castigado.
Digamos que a justiça é cega e nem sempre se aplica e, embora se saiba que
não é sempre assim, é bem verdade que os desconcertos continuam a acontecer. Daí
a grande atualidade do poema.”
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto
de mudança,
Tomando sempre novas
qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da
esperança;
Do mal ficam as mágoas na
lembrança,
E do bem, se algum houve,
as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de
neve fria,
E em mim converte em
choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor
espanto:
Que não se muda já como
soía.
Luís de Camões
Mais uma vez a poesia de Camões marcada pela intemporalidade,
o conceito do mundo desconcertado, neste poema associado ao tema da
mudança… a visão de um mundo contraditório e problemático.
G.R.
Olá. Gostei muito da 2.ª imagem. É possível dizer-me de quem é a obra?
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