domingo, 10 de junho de 2012



        Luís de Camões morreu no dia 10 de junho em 1580. Por isso hoje é o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Este poeta foi o que mais elogiou as aventuras grandiosas dos nossos antepassados. Ele próprio era um grande aventureiro. Vamos estudar a sua obra épica – Os Lusíadas – no 9º ano.


Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
    Luís de Camões
“O poeta vê o mundo da sua época com os valores deturpados.As pessoas boas não conseguem ser felizes e são as que sofrem os infortúnios deste mundo; as pessoas más vivem sorrindo, sempre têm sorte e adaptam-se bem à realidade. Todavia, com o poeta, isso não acontece, porque ele, quando erra, é castigado.
Digamos que a justiça é cega e nem sempre se aplica e, embora se saiba que não é sempre assim, é bem verdade que os desconcertos continuam a acontecer. Daí a grande atualidade do poema.”


            


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
 Muda-se o ser, muda-se a confiança;
 Todo o Mundo é composto de mudança,
 Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
 Diferentes em tudo da esperança;
 Do mal ficam as mágoas na lembrança,
 E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
 Que já coberto foi de neve fria,
 E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
 Outra mudança faz de mor espanto:
 Que não se muda já como soía.
 Luís de Camões
Mais uma vez a poesia de Camões marcada pela intemporalidade, o conceito do mundo desconcertado, neste poema associado ao tema da mudança… a visão de um mundo contraditório e problemático.
G.R.

1 comentário:

  1. Olá. Gostei muito da 2.ª imagem. É possível dizer-me de quem é a obra?

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