(…)
A PAZ é uma pomba que voa.
É um casal de namorados.
São os pardais de Lisboa
que fazem ninho nos
telhados.
E é o riacho de mansinho
que saltita nas pedras
morenas
e toda calma do caminho
com árvores altas e
serenas.
A paz é o livro que
ensina.
É uma vela em alto mar
e é o cabelo da menina
que o vento conseguiu
soltar.
E é o trabalho, o pão, a
mesa,
a seara de trigo ou de
milho,
e perto da lâmpada acesa
a mãe que embala seu
filho.
A paz é quando um canhão
muito feio e de poucas
falas,
sente bater um coração
e dispara cravos, em vez
de balas.
E é o abraço que dás
no dia em que tu partires,
e as gotas de chuva da paz
no balanço do arco-íris.
(…)
Sidónio Muralha, Todas as Cidades da Terra, Livros
horizonte
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