domingo, 3 de março de 2013

AO MIA COUTO


Elefantemos portanto.

Deixemos esta tão precária pele

Aprender outros saberes

Deixemos

Portantomente

O olhar do paquiderme

Ensinar ao passarinho

As paisagens do deslumbre

Das escritas mais antigas.

Permitamos que o vento sopre.

E que a pedra exista.

E que o sol dispare a sua fúria

Em todas as direções.

E que a lua se entretenha

No seu jogo de brilhar.

Elefantemos portanto.

Ou,

Melhor dizendo,

Permitamos que um silêncio muito antigo

Venha

Carregado de silvos e sussurros

Venha

Conduzir-nos a palavra

Pelas veredas impalpáveis

Do mistério.

    José Fanha, Elogio dos Peixes, das Pedras e dos Simples

   

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