domingo, 10 de março de 2013


 

INSUBMISSÃO
 
Somos corsárias
febris
por areias dos desertos
 
Seguimos estrelas cadentes
e montando os nossos sonhos
cumprimos roteiros incertos
 
Vamos atrás das paixões
com o faim à cintura
e a pena no coração
 
Para escrevermos poesia
invertendo o cantochão
 
Com a arte da insídia
olhamos o horizonte alucinando
os oásis, abismando sortilégios
 
Escutamos os clamores
os oceanos celestes
nos silêncios dos desertos
 
Buscamos os infiéis
com olhos de expiação
 
Somos hábeis e seguras
ambíguas, doces, cruéis
nós partimos sem regresso
 
Ora flibusteiras
em horas de cerração
entre a paixão e o inverso
 
Ora piratas do limbo
abandonando os arquétipos
 
A cimitarra à cintura
e o júbilo no coração
pelo avesso dos versos
 
Somos a rosa e o espinho
a sombra no seu desvão
 
Entre o fuso e o enigma
a navalha entreaberta
e os nevoeiros secretos
 
Somos corsárias
sonhando
nas areias dos desertos
 
 
Maria Teresa Horta
 


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