segunda-feira, 25 de março de 2013

 
 Gato que brincas na rua
  Gato que brincas na rua
  Como se fosse na cama,
  Invejo a sorte que é tua
  Porque nem sorte se chama.
 
  Bom servo das leis fatais
  Que regem pedras e gentes,
  Que tens instintos gerais
  E sentes só o que sentes.
 
  És feliz porque és assim,
  Todo o nada que és é teu.
  Eu vejo-me e estou sem mim,
  Conheço-me e não sou eu.    
 
Fernando Pessoa, 1931


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