NOS DIAS TRISTES NÃO SE FALA DE
AVES
Nos dias tristes não se fala de aves.
Liga-se aos
amigos e eles não estão
e depois
pede-se lume na rua
como quem
pede um coração
novinho em
folha.
Nos dias
tristes é inverno
e anda-se
ao frio de cigarro na mão
a queimar o
vento e diz-se
- bom dia!
às pessoas
que passam
depois de
já terem passado
e de não
termos reparado nisso.
Nos dias
tristes fala-se sozinho
e há sempre
uma ave que pousa
no cimo das
coisas
em vez de
nos pousar no coração
e não fala
connosco.
FILIPA LEAL (n. 1979)
(do
livro «A cidade líquida e outras texturas» - Deriva Editores, Porto/2006)
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