CARTAS A DESTINATÁRIOS EXTRAORDINÁRIOS
No 7º ano de escolaridade, depois de termos analisado Vae Victoribus, um conto integral de Trindade
Coelho, voltamos ao texto utilitário. Chegámos à carta como meio de comunicação
através da escrita. Escassa definição para a quantidade e a qualidade de
informação, segredos e desejos que uma missiva encerra. Os alunos que frequentam
o clube Escrever Mais escreveram cartas a destinatários extraordinários.
Continuamos felizes com o silêncio (que de vez em quando se vai quebrando com o
barulho envergonhado do teclado), a concentração, o encontro pontual das catorze
e trinta de quarta-feira com a criatividade.
G.R.
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Ridículas.
Também
escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
Como as outras,
Ridículas.
As
cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Têm de ser
Ridículas.
Mas,
afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem
me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A
verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas
as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
(“Todas
as Cartas de Amor são Ridículas”. Álvaro de Campos. Heterónimo de Fernando
Pessoa)
Carta de Fernando Pessoa a Ofélia Queirós, a namorada, escrita em 1920. Não são erros ortográficos, não. É a grafia da época.
Maria Bethânia em jeito de homenagem a Fernando Pessoa.
Eis as primeiras cartas redigidas pelos nossos alunos:
G.R.
CARTA AO
LUAR
Cátia Pacheco, 7ºE
CARTA AO SOL
Sol de Van Gogh
Ainda há mais. Publicá-las-emos amanhã.
G.R.
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