Mudámo-nos para outro canto...das palavras. Se quiserem continuar a seguir o nosso trabalho, espreitem o blogue da nossa biblioteca "O canto das palavras".
domingo, 20 de outubro de 2013
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Passa uma Borboleta por Diante de Mim
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem
movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem
cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que
se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da
flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XL"
Heterónimo de Fernando Pessoa
segunda-feira, 17 de junho de 2013
domingo, 9 de junho de 2013
Os livros…
Os livros são…
Vidas
testemunhadas,
Amigos que
guardam segredos,
Histórias
inventadas,
São a fonte de
todo o conhecimento.
Os livros têm…
Mil e uma
aventuras,
Têm tesouros
bem guardados,
Têm heróis e
fadas madrinhas,
Têm mundos encantados.
Os livros sabem…
Tudo sobre a
vida,
Sabem do
desconhecido,
E do que alguém
escreveu,
E do que
ninguém sabe.
Os livros sentem…
O vazio,
Sentem a
tristeza ou a alegria do seu conteúdo,
Sentem o que o
leitor/escritor sente,
Sentem quando
os julgam injustamente pela capa
Ou quando
alguém não lhes dá o seu devido valor.
Os livros precisam…
De sentir
carinho,
Precisam de uso
e importância,
Precisam de
quem os oiça com atenção
E de quem os leia
até ao fim.
Os livros temem…
A rejeição,
O abandono,
Temem a crítica
rígida de quem os lê
E o frio
daquele que os despreza.
Maria Beatriz Carmo, 8ºD
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Os
livros são
uma vida inteira a ser começada com um lápis na mão.
Os
livros sabem todas as histórias e mais algumas. Mais tarde…logo vos conto uma.
Os
livros sentem o mesmo que nós, feitos em prosa e lidos com voz.
Sofia, 8ºC
Os livros precisam de uma mão que os acaricie.
Diogo Valente , 8ºC
Os livros temem o desprezo.
Brena Lucena, 8ºC
terça-feira, 28 de maio de 2013
Há
um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam
sempre aos
mesmos lugares ...
É
o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos...
Fernando
Pessoa
Labirinto
ou não Foi Nada
Talvez
houvesse uma flor
aberta
na tua mão.
Podia
ter sido amor,
e
foi apenas traição.
É
tão negro o labirinto
que
vai dar à tua rua ...
Ai
de mim, que nem pressinto
a
cor dos ombros da Lua!
Talvez
houvesse a passagem
de
uma estrela no teu rosto.
Era
quase uma viagem:
foi
apenas um desgosto.
É
tão negro o labirinto
que
vai dar à tua rua...
Só
o fantasma do instinto
na
cinza do céu flutua.
Tens
agora a mão fechada;
no
rosto, nenhum fulgor.
Não
foi nada, não foi nada:
podia
ter sido amor.
David Mourão-Ferreira, in "À Guitarra e
à Viola"
sábado, 25 de maio de 2013
A Importância da Família na Vida de um Adolescente
Na minha
opinião, viver com os pais, ausentes ou indiferentes, deve ser muito difícil e
talvez até medonho e assustador, mas as pessoas vão-se habituando a viver sem a
sua presença. No caso dos adolescentes, pode ser um motivo para os levar ao
caminho do álcool e dos estupefacientes, pois a ausência dos progenitores pode
causar distúrbios psíquicos e levar até à dependência de drogas, o que leva,
muitas vezes, à morte precoce.
Esses
jovens, toxicodependentes, quando começam a sentir que não têm capital
suficiente para esse vício, começam a furtar e a pedir dinheiro que sabem que
nunca poderão devolver. Ter pais demasiado preocupados e a fazerem demasiada
pressão sobre as notas escolares também não é saudável, pois, às vezes, os
estudantes, para se aliviarem dessa pressão, consomem drogas.
Existem
vários comportamentos que podem ser adotados por crianças/adolescentes com
pais ausentes. Um exemplo desses comportamentos é o bullying, que é um método muito usual nos jovens para descarregar a
sua raiva e as suas frustrações.
Outro
grande problema, principalmente na adolescência, prende-se com os amores, que
afeta muito os adolescentes, quer com pais ausentes ou não. Porém, as pessoas com pais
mais interessados têm sempre a vantagem de serem consoladas pelos seus
progenitores, quando têm desilusões e desgostos amorosos, pois podem ouvir os
conselhos vindos dos mais velhos. No entanto, os jovens com os pais ausentes
não têm essa sorte…
Francisco
Nascimento, 8ºD
quinta-feira, 23 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
A
Importância da Família na Vida de um Adolescente
A
vida de um adolescente nem sempre é fácil. Existem problemas como o bullyng, as drogas, as más amizades, os
amores complicados…
Para
um adolescente, as amizades acabam por ser mais importantes do que a família, o
que, por vezes, pode provocar alguns problemas.
Todos
nós já tivemos conhecimento de adolescentes com problemas familiares, como pais
divorciados, pais com problemas de dependência, pais que se preocupam mais com
a profissão do que com os próprios filhos. Normalmente, estes adolescentes não
costumam seguir os melhores caminhos e facilmente caem na cilada das drogas,
são vítimas da solidão ou de bullyng.
Quando
isso acontece, a família deveria ser a primeira da nossa lista a quem pedir
auxílio, mas acontece que, por vezes, nem na lista está.
Para
mim, a família é tudo, é… como o nome indica, família.
Na
minha turma, já existiram casos semelhantes, com os alunos em questão a mostrar
total desinteresse pela escola e desrespeito pelos professores e auxiliares de
educação.
Eu
penso que sou uma pessoa correta, compreensiva, uma boa aluna, uma pessoa com
bom caráter, e, tudo o que sou, devo-o à minha família.
Bruna Silva 8ºC nº4
sexta-feira, 17 de maio de 2013
HÁ ESCOLAS
QUE SÃO GAIOLAS E HÁ ESCOLAS QUE SÃO ASAS
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a
arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controlo. Engaiolados, o seu
dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono.
Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas
amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos
pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Rubem
Alves
Nem todas as
flores têm a mesma sorte: umas enfeitam a vida e outras enfeitam a morte. Colha
o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode
ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente. Por mais independente
que a pessoa seja, ela sempre vai precisar do ar para viver. Sonhe com a vida,
mas não perca a vida por um sonho.
Bob
Marley
quarta-feira, 15 de maio de 2013
DIZEM QUE
FINJO OU MINTO
Dizem que
finjo ou minto
Tudo que
escrevo. Não.
Eu
simplesmente sinto
Com a
imaginação.
Não uso o
coração.
Tudo o que
sonho ou passo,
O que me
falha ou finda,
É como que
um terraço
Sobre outra
coisa ainda.
Essa coisa é
que é linda.
Por isso
escrevo em meio
Do que não
está ao pé,
Livre do meu
enleio,
Sério do que
não é,
Sentir,
sinta quem lê!
Fernando
Pessoa, in "Cancioneiro"
DOR DE ALMA
Meu pratinho
de arroz-doce
polvilhado
de canela;
Era bom mas
acabou-se
desde que a
vida me trouxe
outros
cuidados com ela.
Eu, infante,
não sabia
as mágoas
que a vida tem.
Ingenuamente
sorria,
me aninhava
e adormecia
no colo da
minha mãe.
Soube depois
que há no mundo
umas tantas
criaturas
que vivem
num charco imundo
arrancando
arroz do fundo
de
pestilentas planuras.
Um sol de
arestas pastosas
cobre-os de
cinza e de azebre
à flor das
águas lodosas,
eclodindo em
capciosas
intermitências
de febre.
Já não tenho
o teu engodo,
Ó mãe, nem desejo
tê-lo.
Prefiro o
charco e o lodo.
Quero o
sofrimento todo,
Quero
senti-lo, e vencê-lo.
António Gedeão
O Elefante
Fabrico um elefante
de meus poucos
recursos.
Um tanto de
madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê
apoio.
E o encha de
algodão,
de paina, de
doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas
pensas.
A tromba se
enovela,
e é a parte mais
feliz
da sua
arquitetura.
Mas há também as
presas,
dessa matéria pura
que não sei
figurar.
Tão alva essa
riqueza
a espojar-se nos
circos
sem perda ou
corrupção.
E há por fim os
olhos,
onde se deposita
a parte do
elefante
mais fluida e
permanente,
alheia a toda
fraude.
Eis meu pobre
elefante
pronto para sair
à procura de
amigos
num mundo
enfastiado
que já não crê nos
bichos
e duvida das
coisas.
Ei-lo, massa
imponente
e frágil, que se
abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de
pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais
poético
onde o amor
reagrupa as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem
ver
nem mesmo para rir
da cauda que
ameaça
deixá-lo ir
sozinho.
É todo graça,
embora
as pernas não
ajudem
e seu ventre
balofo
se arrisque a
desabar
ao mais leve
empurrão.
Mostra com
elegância
sua mínima vida,
e não há na cidade
alma que se
disponha
a recolher em si
desse corpo
sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e
tocante.
Mas faminto de seres
e situações
patéticas,
de encontros ao
luar
no mais profundo
oceano,
sob a raiz das
árvores
ou no seio das
conchas,
de luzes que não
cegam
e brilham através
dos troncos mais
espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as
plantas
no campo de
batalha,
à procura de
sítios,
segredos,
episódios
não contados em
livro,
de que apenas o
vento,
as folhas, a
formiga
reconhecem o
talhe,
mas que os homens
ignoram,
pois só ousam
mostrar-se
sob a paz das
cortinas
à pálpebra
cerrada.
E já tarde da noite
volta meu
elefante,
mas volta
fatigado,
e as patas
vacilantes
se desmancham no
pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que
carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo
disfarçar-me.
Exausto de
pesquisa.
Carlos Drummond de Andrade
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