Estamos a chegar ao fim das histórias ligadas à
literatura tradicional de expressão oral. Os alunos ficaram a saber que são os mais idosos os principais
detentores e transmissores da cultura popular que, através das histórias que
contam, passam o património do seu povo de geração em geração.
Foi proposto que tentassem descobrir, junto dos
familiares e amigos mais idosos, vestígios do património literário oral de modo
a que fosse possível a recolha de contos
ou lendas da sua localidade ou
região.
Poderiam também realizar um pequeno filme com os seus
“contadores” de histórias para apresentarem à turma ou eles próprios contarem e
lerem a recolha que tivessem feito. O Tomás, do 7ºC, passou, na aula, uma
entrevista filmada e que teve como protagonista uma senhora de Tavira que
contou, com toda a graça e sabedoria dos mais velhos, algumas lendas de mouras
encantadas relacionadas com a nossa cidade.
Outras atividades diferentes virão. Para finalizar
este conteúdo programático, aqui ficam algumas histórias redigidas pelos alunos
no clube Escrever Mais, alguns trabalhos de grupo e fotografias de pequenas dramatizações de lendas
e contos populares que foram efetuadas na aula de Língua Portuguesa.
G.R.
Fada
Desajeitada
Fazia-se noite escura e sombria na
floresta encantada do Vale das Fadas.
Certo dia, passou por tal sombrio lugar
uma fada. Esta ia carregada de sacos, pois a caminho de casa passou pelo
mercado dos Pós Mágicos e fez as suas compras semanais.
Esta fada, de seu nome Ana (e para os seus
amigos o seu nome do meio é Desajeitada, na brincadeira), é muito querida por
todos. J
Ana trabalhava no palácio do príncipe
Henrique, um rapaz muito bonito, charmoso e por quem Ana tinha uma paixoneta
secreta.
Mas como as histórias não são feitas
apenas de contos de fadas, tem que haver sempre um vilão.
A mãe do príncipe, Aurora, era a bruxa má
da floresta e não gostava nada da criada Ana porque ela era uma rapariga muito
bonita. Pode-se até dizer que era a rapariga mais bela de todo o reino.
Aurora, já tendo reparado da maneira como
a Ana olhava para Henrique, estava sempre a colocar obstáculos como mandá-la ir
às compras quando o príncipe estava no palácio, ou seja, quase nunca o via, o
que estava a dar cabo dela.
Como disse no início, Ana passava muito
tempo na floresta encantada, mas, um dia, algo estranho aconteceu.
- Porque é que há pessoas tão maldosas?
Porquê?… - lamentou-se Ana para a borboleta que poisara no seu ombro, ao mesmo
tempo que uma lágrima lhe caíra pelo rosto.
-Ó
amiga Ana, não chores! Estou aqui no teu ombro para te limpar as lágrimas. -
ouviu Ana.
Tal frase de apoio da borboleta fez com
que ela soltasse um sorriso encantador, como só ela sabia fazer. Por instantes,
Ana sentiu que algo a está a seguir. Quando se virou para trás, viu um sapo. Um
sapo com uma coroa e que lhe parecia muito familiar. Mas não ligou e continuou
a andar.
Mal ela sabia que aquele sapo era o
príncipe Henrique sob o feitiço que sua mãe lhe mandara.
Quando chegou ao palácio, viu no lago mais
passarinhos do que era habitual ver, mas, com o que lhe tinha acontecido na
floresta encantada, Ana já não achava nada estranho.
Passadas algumas horas de trabalho árduo
no grande palácio, Ana começa a ouvir o maravilhoso cântico dos pássaros, que
estavam poisados nos ramos das árvores que davam para a janela da cozinha. De
repente, os pássaros entraram de rompante pela janela escancarada da cozinha,
em direção ao quarto da Bruxa. Ana não pôde fazer nada. Quando lá chegou, o
quarto estava todo virado do avesso. A bruxa vinha do lago para o seu quarto,
prontinha para a sua “sesta de beleza”. Abre a porta e…um verdadeiro alvoroço
se apodera daquele espaço, repleto de animais a desarrumar-lhe o quarto todo.
Havia no meio do quarto uma montanha enorme de roupa e sapatos.
-Aaaaaaahhhhhhhhh! – prolongou-se o grande
grito que a Bruxa pregou por ver o estado do seu lindo quarto de rainha.
A Ana correu pelas escadas acima, para o
quarto da Bruxa que, por um bocadinho, não lhe deu um ataque cardíaco por ver
tal cena se passar diante dos seus próprios olhos. Atrás da Ana entrou uma
raposa, com um sapo pelas costas, defendendo Ana, pois tinha ouvido todos os
seus lamentos lá na floresta encantada do Vale das Fadas.
- Não, não, não! – Exclamou o príncipe
Henrique, muito transtornado – O que é que você está a fazer? Porque é que você
me fez isto?
A Ana estava envergonhada e ao mesmo tempo
confusa.
A
Bruxa saltou pela janela e começou a voar com a sua vassoura mágica, em direção
à floresta Negra, onde todos os animais são escravos das irmãs Berzebu.
O príncipe Henrique explicou-lhe toda a
história e pediu-lhe um grande favor: as criadas, quando ele era pequeno,
liam-lhe a história da princesa e do sapo e, como devem conhecer, na história,
para que o sapo volte a ser o mesmo príncipe encantado, a princesa tem que
beijar o príncipe amaldiçoado.
E assim aconteceu. A fada Ana lá beijou um
príncipe dos seus sonhos e, de um momento para o outro, uma grande nuvem de pós
mágicos invadiu o quarto e ele começou a transformar-se.
Após
uma longa conversa com o Príncipe Henrique, ele pediu a mão dela em casamento,
disse-lhe coisas lindas, tais como:
“E a emoção do nosso amor
Não dá para ser contida
A força desse amor
Não dá para ser medida
Amar como eu te amo
Só uma vez na vida”
A Ana ficou deslumbrada com tal poema. Uma
lágrima escorregou pelo seu rosto, mas não pensem que era de tristeza, não, era
de alegria. Ela estava felicíssima por tal acontecimento maravilhoso. Para ela
era realmente uma vitória.
A data do casamento foi marcada e
começaram os preparativos para tal festividade.
Chegou o grande dia, 14 de Fevereiro, o
dia escolhido pelos noivos para casarem.
Lá estava o príncipe Henrique vestido a
rigor e, quando menos esperavam, ouviu-se a música de entrada da noiva, tocada
pelo amigo da família, o Sr. Grilo.
Ana tinha um vestido cor-de-rosa muito
clarinho e as suas asas brilhavam como a luz do sol refletida na água.
E, como em todas as histórias, tiveram
filhos e viveram felizes para sempre.
Vitória, vitória e acabou-se a história.
Vitória, vitória e acabou-se a história.
Cátia Pacheco , nº8, 7ºE
ERA UMA VEZ…
Num reino muito
distante, na noite de São João, um pobre lenhador andava já ensonado depois da
grande romaria na praça do pelourinho. Subia então a ladeira em direção a sua
casa. Mas quando chegou a casa com a sua garrafita já vazia, a sua mulher já
estava com a colher de pau pronta para… ir … fazer um bolo com a vizinha. O
homem viu romper a aurora da porta da cozinha. Se calhar ele era tão pobre que
até vivia numa cabanita, mas … vamos lá continuar a história. O homem tinha um
irmão que era trovador d’el rei e que, embora pouco endinheirado, era boa
pessoa. O lenhador tinha também outro irmão que era sapateiro de um conde daquele
lugar. O lenhador, um dia, foi ao palácio do rei ver o seu irmão a tocar para o
rei. Aí viu a rainha sentada ao lado de seu marido e… ao seu lado estava… um cão.
Ao sair do palácio, encontrou uma rapariga, na flor da idade, que ordenou logo
que ele a seguisse. O lenhador disse a seu irmão que não se importasse com ele
que ia a pé para casa. E o pobre do lenhador seguiu-a, entrando por aqueles
corredores cheios de quadros, estátuas e castiçais de talha, ouro e prata. Até
que chegaram a um pequeno compartimento onde aquela rapariguinha o vestiu com
os melhores trajes e perfumou-o com os melhores perfumes. Explicou quem era e
disse que era uma princesa que estava apaixonada por ele. O homem ficou
espantado e disse honradamente à princesa que já era casado e que não era
pessoa capaz de cometer infidelidades. A princesa disse-lhe que uma bruxa lhe tinha
feito um feitiço e que se ela não casasse dentro de um mês ficaria transformada
num rinoceronte. O pobre do homem disse que no dia seguinte voltaria ao palácio
com uma e uma só resposta.
Ao sair do castelo, o
lenhador recebeu a triste notícia de que a sua esposa tinha caído de uma ponte
abaixo e que estava morta, …falecida fica melhor.
Depois das cerimónias
fúnebres, o lenhador vestiu-se com a melhor roupa de domingo que tinha e pôs-se
a caminho do palácio. Imediatamente foi ter com a princesa, contou-lhe o
sucedido e disse que aceitava o pedido dela. A princesa relatou tudo ao seu pai,
o rei concordou e decidiu que o casamento se iria realizar o mais brevemente
possível. Mas o conde de Vaz Flor, que pretendia a mão da princesa em casamento,
no dia da boda, invadiu a basílica. Apoiado pela Nobreza, matou El-Rei e coroou-se
a si próprio. Ora, nesse instante, uma velhinha entrou na basílica, gritando
que vinha aí um dragão. Todos da basílica saíram menos a velha, a princesa e o
lenhador. A velha mandou o casal subir ao alto do campanário e que tocassem o
sino de ouro. Os dois fizeram o que lhes fora mandado e o dragão não conseguiu
aí chegar. Passado pouco tempo, o dragão morreu e a velha tirou-lhe dentro dos
intestinos uma varinha mágica que lhe dava todos os poderes, mas só para fazer
o bem. Então o lenhador dirigiu-se para o palácio, apoderou-se do trono e
proclamou ao povo que ele era o novo rei. Todo o povo o apoiou, e, no dia
seguinte casou com a princesa, festa que durou sete dias e seis noites. Os dois
viveram felizes para sempre, governando para que não houvesse guerra, nem ódio,
nem fome.
Tomás Bravo, 7ºC
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