segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012




Estamos a chegar ao fim das histórias ligadas à literatura tradicional de expressão oral. Os alunos ficaram a saber que são os mais idosos os principais detentores e transmissores da cultura popular que, através das histórias que contam, passam o património do seu povo de geração em geração.

Foi proposto que tentassem descobrir, junto dos familiares e amigos mais idosos, vestígios do património literário oral de modo a que fosse possível a recolha de contos ou lendas da sua localidade ou região.

Poderiam também realizar um pequeno filme com os seus “contadores” de histórias para apresentarem à turma ou eles próprios contarem e lerem a recolha que tivessem feito. O Tomás, do 7ºC, passou, na aula, uma entrevista filmada e que teve como protagonista uma senhora de Tavira que contou, com toda a graça e sabedoria dos mais velhos, algumas lendas de mouras encantadas relacionadas com a nossa cidade.

Outras atividades diferentes virão. Para finalizar este conteúdo programático, aqui ficam algumas histórias redigidas pelos alunos no clube Escrever Mais, alguns trabalhos de grupo e  fotografias de pequenas dramatizações de lendas e contos populares que foram efetuadas na aula de Língua Portuguesa. 

G.R.


Fada Desajeitada 

Fazia-se noite escura e sombria na floresta encantada do Vale das Fadas.
Certo dia, passou por tal sombrio lugar uma fada. Esta ia carregada de sacos, pois a caminho de casa passou pelo mercado dos Pós Mágicos e fez as suas compras semanais.
Esta fada, de seu nome Ana (e para os seus amigos o seu nome do meio é Desajeitada, na brincadeira), é muito querida por todos. J 
Ana trabalhava no palácio do príncipe Henrique, um rapaz muito bonito, charmoso e por quem Ana tinha uma paixoneta secreta.
Mas como as histórias não são feitas apenas de contos de fadas, tem que haver sempre um vilão.
A mãe do príncipe, Aurora, era a bruxa má da floresta e não gostava nada da criada Ana porque ela era uma rapariga muito bonita. Pode-se até dizer que era a rapariga mais bela de todo o reino.
Aurora, já tendo reparado da maneira como a Ana olhava para Henrique, estava sempre a colocar obstáculos como mandá-la ir às compras quando o príncipe estava no palácio, ou seja, quase nunca o via, o que estava a dar cabo dela.
Como disse no início, Ana passava muito tempo na floresta encantada, mas, um dia, algo estranho aconteceu.
- Porque é que há pessoas tão maldosas? Porquê?… - lamentou-se Ana para a borboleta que poisara no seu ombro, ao mesmo tempo que uma lágrima lhe caíra pelo rosto.
 -Ó amiga Ana, não chores! Estou aqui no teu ombro para te limpar as lágrimas. - ouviu Ana.
Tal frase de apoio da borboleta fez com que ela soltasse um sorriso encantador, como só ela sabia fazer. Por instantes, Ana sentiu que algo a está a seguir. Quando se virou para trás, viu um sapo. Um sapo com uma coroa e que lhe parecia muito familiar. Mas não ligou e continuou a andar.
Mal ela sabia que aquele sapo era o príncipe Henrique sob o feitiço que sua mãe lhe mandara.
Quando chegou ao palácio, viu no lago mais passarinhos do que era habitual ver, mas, com o que lhe tinha acontecido na floresta encantada, Ana já não achava nada estranho.
Passadas algumas horas de trabalho árduo no grande palácio, Ana começa a ouvir o maravilhoso cântico dos pássaros, que estavam poisados nos ramos das árvores que davam para a janela da cozinha. De repente, os pássaros entraram de rompante pela janela escancarada da cozinha, em direção ao quarto da Bruxa. Ana não pôde fazer nada. Quando lá chegou, o quarto estava todo virado do avesso. A bruxa vinha do lago para o seu quarto, prontinha para a sua “sesta de beleza”. Abre a porta e…um verdadeiro alvoroço se apodera daquele espaço, repleto de animais a desarrumar-lhe o quarto todo. Havia no meio do quarto uma montanha enorme de roupa e sapatos.
-Aaaaaaahhhhhhhhh! – prolongou-se o grande grito que a Bruxa pregou por ver o estado do seu lindo quarto de rainha.
A Ana correu pelas escadas acima, para o quarto da Bruxa que, por um bocadinho, não lhe deu um ataque cardíaco por ver tal cena se passar diante dos seus próprios olhos. Atrás da Ana entrou uma raposa, com um sapo pelas costas, defendendo Ana, pois tinha ouvido todos os seus lamentos lá na floresta encantada do Vale das Fadas.
- Não, não, não! – Exclamou o príncipe Henrique, muito transtornado – O que é que você está a fazer? Porque é que você me fez isto?
A Ana estava envergonhada e ao mesmo tempo confusa.
 A Bruxa saltou pela janela e começou a voar com a sua vassoura mágica, em direção à floresta Negra, onde todos os animais são escravos das irmãs Berzebu.
O príncipe Henrique explicou-lhe toda a história e pediu-lhe um grande favor: as criadas, quando ele era pequeno, liam-lhe a história da princesa e do sapo e, como devem conhecer, na história, para que o sapo volte a ser o mesmo príncipe encantado, a princesa tem que beijar o príncipe amaldiçoado.
E assim aconteceu. A fada Ana lá beijou um príncipe dos seus sonhos e, de um momento para o outro, uma grande nuvem de pós mágicos invadiu o quarto e ele começou a transformar-se.
 Após uma longa conversa com o Príncipe Henrique, ele pediu a mão dela em casamento, disse-lhe coisas lindas, tais como:

“E a emoção do nosso amor
Não dá para ser contida
A força desse amor
Não dá para ser medida
Amar como eu te amo
Só uma vez na vida”

A Ana ficou deslumbrada com tal poema. Uma lágrima escorregou pelo seu rosto, mas não pensem que era de tristeza, não, era de alegria. Ela estava felicíssima por tal acontecimento maravilhoso. Para ela era realmente uma vitória.
A data do casamento foi marcada e começaram os preparativos para tal festividade.
Chegou o grande dia, 14 de Fevereiro, o dia escolhido pelos noivos para casarem.
Lá estava o príncipe Henrique vestido a rigor e, quando menos esperavam, ouviu-se a música de entrada da noiva, tocada pelo amigo da família, o Sr. Grilo.
Ana tinha um vestido cor-de-rosa muito clarinho e as suas asas brilhavam como a luz do sol refletida na água.
E, como em todas as histórias, tiveram filhos e viveram felizes para sempre.
              Vitória, vitória e acabou-se a história. 
                                                              Cátia Pacheco , nº8, 7ºE

ERA UMA VEZ…

Num reino muito distante, na noite de São João, um pobre lenhador andava já ensonado depois da grande romaria na praça do pelourinho. Subia então a ladeira em direção a sua casa. Mas quando chegou a casa com a sua garrafita já vazia, a sua mulher já estava com a colher de pau pronta para… ir … fazer um bolo com a vizinha. O homem viu romper a aurora da porta da cozinha. Se calhar ele era tão pobre que até vivia numa cabanita, mas … vamos lá continuar a história. O homem tinha um irmão que era trovador d’el rei e que, embora pouco endinheirado, era boa pessoa. O lenhador tinha também outro irmão que era sapateiro de um conde daquele lugar. O lenhador, um dia, foi ao palácio do rei ver o seu irmão a tocar para o rei. Aí viu a rainha sentada ao lado de seu marido e… ao seu lado estava… um cão. Ao sair do palácio, encontrou uma rapariga, na flor da idade, que ordenou logo que ele a seguisse. O lenhador disse a seu irmão que não se importasse com ele que ia a pé para casa. E o pobre do lenhador seguiu-a, entrando por aqueles corredores cheios de quadros, estátuas e castiçais de talha, ouro e prata. Até que chegaram a um pequeno compartimento onde aquela rapariguinha o vestiu com os melhores trajes e perfumou-o com os melhores perfumes. Explicou quem era e disse que era uma princesa que estava apaixonada por ele. O homem ficou espantado e disse honradamente à princesa que já era casado e que não era pessoa capaz de cometer infidelidades. A princesa disse-lhe que uma bruxa lhe tinha feito um feitiço e que se ela não casasse dentro de um mês ficaria transformada num rinoceronte. O pobre do homem disse que no dia seguinte voltaria ao palácio com uma e uma só resposta.
Ao sair do castelo, o lenhador recebeu a triste notícia de que a sua esposa tinha caído de uma ponte abaixo e que estava morta, …falecida fica melhor.
Depois das cerimónias fúnebres, o lenhador vestiu-se com a melhor roupa de domingo que tinha e pôs-se a caminho do palácio. Imediatamente foi ter com a princesa, contou-lhe o sucedido e disse que aceitava o pedido dela. A princesa relatou tudo ao seu pai, o rei concordou e decidiu que o casamento se iria realizar o mais brevemente possível. Mas o conde de Vaz Flor, que pretendia a mão da princesa em casamento, no dia da boda, invadiu a basílica. Apoiado pela Nobreza, matou El-Rei e coroou-se a si próprio. Ora, nesse instante, uma velhinha entrou na basílica, gritando que vinha aí um dragão. Todos da basílica saíram menos a velha, a princesa e o lenhador. A velha mandou o casal subir ao alto do campanário e que tocassem o sino de ouro. Os dois fizeram o que lhes fora mandado e o dragão não conseguiu aí chegar. Passado pouco tempo, o dragão morreu e a velha tirou-lhe dentro dos intestinos uma varinha mágica que lhe dava todos os poderes, mas só para fazer o bem. Então o lenhador dirigiu-se para o palácio, apoderou-se do trono e proclamou ao povo que ele era o novo rei. Todo o povo o apoiou, e, no dia seguinte casou com a princesa, festa que durou sete dias e seis noites. Os dois viveram felizes para sempre, governando para que não houvesse guerra, nem ódio, nem fome.
Tomás Bravo, 7ºC                        



TG
View more presentations from escrevermais.
TG
View more presentations from escrevermais.

Sem comentários:

Enviar um comentário