TEMA DO MÊS
Atravessaste um espelho e encontraste um mundo que é o contrário daquele a que estás
habituado. Como é esse outro mundo?
Querido Diário…
Queria que soubesses uma
coisa, mas não podes contar a ninguém!
Hoje, o meu dia não
começou da melhor forma. A minha mãe acordou-me com um copo de água fria em
cima. Depois, quando fui ao quarto de banho, aconteceu uma coisa muito
estranha. Atravessei o espelho que havia à minha frente e fui parar a um mundo
completamente diferente do meu.
Quando lá cheguei, vi
umas coisas muito estranhas. Acho que eram extraterrestres, aquelas coisas
pegajosas e nojentas, sabes? Blac!
Mal pus lá os pés, vi
que todos estavam a olhar para mim contentinhos, mas o pior de tudo foi que não
perceberam que estava enervada por estar ali.
Aquele mundo era
completamente diferente do meu, pois no meu era de dia. Eu tinha acabado de
acordar e lá era de noite. Uma coisa estranhíssima!
As casas eram em forma
de gelado, o chão era mole e os carros não tinham rodas, flutuavam.
A baba que eles deitavam
tinha poderes: transformava as pessoas que também atravessam os espelhos, como
eu, em extraterrestres. Havia criaturas azuis e verdes, o que não é costume.
Enquanto caminhava, ia pensando nas coisas horríveis que tinha visto, quando
avistei uma espécie de laboratório. Fui a correr e bati à porta. Até que enfim
tinha encontrado um ser humano! Era um cientista maluco que me disse:
-Olá, criatura! Estás
boa, ou vais p’ra Lisboa? Estás triste, ou vais p’ra Peniche?
Quando respondi,
contente…
- Vou para Lisboa!
Ahahah!
Pedi-lhe ajuda para me
salvar, a mim e a todos aqueles desgraçados que lá estavam, mas ele disse
rapidamente que não podia, pois estava a inventar uma poção que duraria três longos meses a ser
acabada.
Aí entrei logo em pânico
e disse-lhe que não poderia ser, porque tinha muitos compromissos a que não
poderia falhar. Então decidi que quem iria salvar aquele pobre mundo era “EU”.
Fechei a porta, sem lhe
dirigir mais a palavra. Entretanto… começou a chover. Todos os extraterrestres se
refugiaram nas suas casas e eu, só eu, ali solitária, triste como nunca.
Andei, andei, andei e
decidi telefonar ao meu pai. Mas concluí que essa tarefa era impossível porque
não havia rede naquela espelunca. Porém, pensei e concluí que o meu pai me
tinha ajudado a fazer uma poção estranha. Sinceramente não tinha percebido para
que era, mas os ingredientes necessários eram:
Estrume de cavalo
Gelado
Areia movediça
Iogurte de Morango…
Sabia que era impossível, mas também sabia que
todos esses ingredientes existiam neste estranho lugar. Tentei encontrar um
supermercado. Percorri a vila toda e só encontrei um velho supermercado. Quando
entrei, o dono exclamou:
Bem-vindo ao
supermercado
Da sua vida
Leve farinha
E fique descontraída
Desatei a rir e a chorar
ao mesmo tempo, pois de tanto rir saiu-me uma linda lágrima pelo olho. Trouxe
muitas coisas para petiscar porque fiquei muito tempo sem ver a cor da comida.
Ah! Mas ainda trouxe os
ingredientes para sair dali: o iogurte, o gelado, o estrume e a areia.
Refugiei-me num hotel de céu estrelado. Sabem porque digo
isto? Tinha 550 estrelas!... Fiquei espantada de tanto olhar!
Pedi um quarto e fiz a
poção. No dia seguinte, levantei-me e fui ao topo da montanha mais alta daquela
cidade que para mim já não era um horror, já estava habituada a lá estar.
Cheguei finalmente ao
topo da montanha e deitei o pó pelo país inteiro.
Instantes depois,
avistei muitos seres humanos rodeando aquela montanha em direção a mim, que me
abraçaram.
Depois pensei “Tudo está
bem, quando acaba bem”.
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